Além dos jardins de Burle Marx
- Flávia Tronca
- 22 de set.
- 12 min de leitura
Atualizado: 23 de set.
A história e o legado de Roberto Burle Marx

Temos a mania de pensar que a arte de um pintor, escultor, escritor, musicista, dançarino, entre tantos, sempre esteve ali na sua mente e, com muita facilidade, talvez por ter um “dom” que não se sabe de onde vem, materializa-se em objeto artístico. Pois não é nada disso.
Gosto de acompanhar os momentos de superação que os artistas se propõem e suas histórias são sempre desafiadoras e muito interessantes. Museus construídos ao redor do mundo apresentam o percurso histórico de diferentes artistas, agora renomados, mas em todas essas biografias é evidente a determinação, a superação incansável e a busca constante pelas suas verdades.
Infância e primeiras inspirações para o paisagismo
Roberto Burle Marx nasceu em São Paulo, no ano de 1909, mas ainda criança foi morar no Rio de Janeiro. Teve uma mãe musicista, que cantava muito bem, era uma ótima pianista e tinha uma grande sensibilidade para plantas. Roberto a acompanhava, desde muito pequeno, nos cuidados diários com as rosas, begônias, antúrios, gladíolos, tinhorões e muitas outras espécies que plantava no jardim.
Quando corria para dentro de casa, com um punhado de mato nas suas mãos, ela sempre valorizava a beleza das espécies. Provavelmente esse foi o início da sua preocupação com a natureza e a descoberta das plantas, sobretudo no Brasil. Memórias de infância que se desdobraram ao longo da vida.
Burle Marx em Berlim: influências artísticas e culturais

Em 1928, viajou para Berlim com a sua família, para buscar tratamento a um problema que tinha na visão, para estudar música e pintura. Debruçou-se sobre as obras de Wagner, a suíte Pelleas et Melisande e as sinfonias de Beethoven. Músicos como Hindemit, Schoenberg e Alban Berg foram artistas que tiveram grande importância na sua formação. Berlim da época era o centro da música de todo o tipo e do teatro experimental.
Às vezes, é difícil pensar que Berlim era, até muito recentemente, uma cidade dividida em duas, cortada por um dos muros mais horríveis da história, com as marcas de uma guerra distante, de um lado, e a modernidade das construções de meados do século XX, do outro. Em 1928, depois de quase dez anos da República de Weimar, Berlim vivia o seu auge cultural. Sem ter sido atingida pelas bombas na Primeira Guerra Mundial, era uma cidade do século XIX.
A cidade era extremamente limpa, bem administrada e, sobretudo, protetora. As pessoas sentiam-se seguras em Berlim. Não havia sinais evidentes do movimento nazista que, ao vir às claras, destruiria a República de Weimar e, por fim, a própria cidade de Berlim. Havia uma floricultura esplêndida que vendia bromélias, tulipas, jacintos, flores de cerejeira e orquídeas em Unter den Linden – uma avenida ladeada de limeiras que conduzia ao portão de Brandeburgo.

Havia cafés que serviam tortas deliciosas, café, chocolate e onde também se ouvia música de violino. Tipos diferentes de restaurantes também estavam naquele lugar: indiano, marroquino, chinês e tantos outros. A primavera que Burle Marx vivenciou estava repleta de canteiros de amores-perfeitos, tulipas, jacintos, narcisos e giestas anãs. Ao passo que o verão se aproximava e os cafés colocavam as suas mesas nas calçadas e a vida passava em festa.
Frequentava o jardim botânico, as galerias de arte, as óperas e também se interessava pelos diferentes cenários. Havia cerca de sessenta e cinco teatros de ópera na Alemanha, cada um com a sua própria companhia, que ofereciam espetáculos todas as noites.
A família frequentava, em Charlottenburg, três vezes por semana, o teatro da Ópera Real, cuja programação também mudava três vezes por semana. Naquele tempo era necessário assistir esse tipo de espetáculo, do contrário não se tinha acesso a boa música, a menos que se fosse o próprio intérprete. Também acompanhava os feitos dos maiores cenaristas da época. Essa interação com diversas áreas do conhecimento promoveu em sua mente um tecido cultural precioso. Observava muito e nunca perdeu a curiosidade pelas coisas, processos e acontecimentos.
Descoberta do paisagismo e mudança de percepção de mundo
Em Berlim, frequentava exposições, principalmente as dos expressionistas alemães. Porém, foi uma visita ao Botanischer Garten und Botanisches Museum Berlin, localizado em Dahlen, que mudou sua forma de perceber o mundo. Isso porque, acostumado a ver sempre as mesmas plantas comuns em jardins no sudeste do Brasil (onde nasceu e viveu até aquele momento), deparou-se com várias espécies de plantas amazônicas no jardim em Berlim.
A surpresa foi grande, não só por achar inusitada a presença de exemplares tão distintos ali, mas também por ter visto pela primeira vez aquela diversidade toda de seu país de origem, ao qual não tinha acesso no próprio. A partir dali, tomou forma a sua paixão pelo paisagismo, incluindo plantas com origem num Brasil amplo.
Em um momento em que o pensamento antropofágico tomava conta da cena artística brasileira, com o modernismo que tinha nascido em 1922, é interessante pensar que Burle Marx viu e absorveu na Europa elementos de seu próprio país e os incorporou à sua prática na volta à terra natal.
Retorno ao Brasil e primeiros projetos de jardins modernos

Em 1930, de volta ao Rio de Janeiro, ingressou na Escola Nacional de Belas Artes, hoje Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde estudou com Candido Portinari. Vivenciou a transformação na implantação de um novo ensino, agora de vanguarda.
Lúcio Costa, que morava na mesma rua que a sua e o conhecia desde os nove anos de idade, convidou-o para realizar o primeiro jardim. Era para a residência Alfredo Schwartz, uma obra referencial que marcou o início da sua carreira como paisagista, em 1932. Esse período – entre a infância vivida em Copacabana e a viagem a Berlim, até o período de estudos na Escola Nacional de Belas Artes, revelou características marcantes da sua personalidade criadora.
A presença da família no desenvolvimento da sua sensibilidade estética e a influência de professores como Leo Putz, Mário de Andrade e Candido Portinari na sua formação intelectual e plástica foram decisivas para o surgimento deste arista extraordinário e complexo, personagem em destaque na gênese do jardim moderno no Brasil.
Os rastros documentais revelam, já no início da sua atividade profissional, a busca de um desenho forte e expressivo. Sua sólida formação em desenho de observação, desenvolvida na Alemanha, propiciou-lhe forte recurso técnico, domínio do traço e da espacialidade.

Com vinte e três anos interrompeu os estudos na Academia e partiu para a cidade do Recife, onde assumiu o cargo de Diretor de Parques e Jardins. Permaneceu em Pernambuco, cidade natal de sua mãe, durante cinco anos; período de grande aprendizagem botânica, característica que definiu sua trajetória de paisagista e comprometimento com a flora tropical.
Burle Marx faz parte de um período caracterizado por produções ecléticas, onde os jardins clássicos e românticos predominavam nos projetos de praças e palacetes no Brasil. Embora seus primeiros trabalhos tenham introduzido a inovação com o uso de vegetação nativa brasileira, eles ainda mantém uma estrutura associada aos cânones clássicos, evidenciando uma forte geometrização e simetria nas formas, como pode ser observado nas primeiras propostas para os jardins e praças do Recife.
Os desenhos de observação da vegetação nativa e a flora brasileira, em toda a sua diversidade, foram registrados em técnicas variadas, como o desenho a lápis de cera e nanquim, entre tantas outras, mostrando o expressionismo aflorado em um jogo de claro e escuro intenso. Anotações em forma de croquis em folhas avulsas e desenhos diversos antecipavam os projetos dos jardins.
Paisagismo moderno e a linha orgânica de Burle Marx
Burle Marx retomou os estudos na Escola Nacional de Belas Artes no ano de 1937 e se posicionou como paisagista na equipe da construção do edifício do Ministério de Educação e Saúde. O coordenador da equipe era Lúcio Costa, que promovia a integração das artes visuais: arquitetura, pintura, paisagismo e escultura.
O cenário transformava-se em um território livre de criação. Um bom exemplo é o jardim do edifício do MEC, desenhado por Burle Marx e concebido dentro da unidade arquitetural, não como um anexo ou apenas uma intensão estética, mas como parte integrante do conceito do projeto como um todo.

A abstração biomórfica, marcada pela linha orgânica, foi projetada e executada pela primeira vez para o Instituto de Resseguros do Brasil, em 1939-1942, aparecendo também no edifício do MEC, em 1942. Essa característica única funde o orgânico no racional como propunha Lúcio Costa, antecipando uma das características mais importantes do modernismo internacional dos anos 1950 e também da arquitetura no Brasil.
Nessa fase, Burle Marx também propôs uma série de realizações em Belo Horizonte e em outras cidades de Minas Gerais, em parceria com Oscar Niemeyer. As obras na Pampulha e no Parque de Barreiros, em Araxá, com as suas formas ondulantes, mostram a potência plástica da sua poética. Uma estética que se materializou em muitos outros jardins, lançando o seu nome como o fundador do jardim moderno no Brasil e no mundo.
A arte de projetar jardins como expressão artística

Tanto o jardim como o desenho apareceram para Burle Marx como um campo de livre criação e experimentação formal, que lhe possibilitaram aproximações ao surrealismo biomórfico e às cores características do fauvismo. Ele sabia utilizar muito bem as ferramentas como pintor na composição dos jardins, no entanto, entendia que, embora fosse uma expansão da pintura, via-os como um campo autônomo, uma categoria independente de arte, com seus métodos e princípios de composição específicos.
Para ele, criar jardins era fazer arte. Para tanto, pensava em textura, contrastes, relação entre volumes, harmonia e cores. Dizia nunca ter pensado em um jardim bidimensional. Para Burle Max, jardim sempre teve a terceira, mas também a quarta dimensão: o tempo necessário para observar este espaço. Pensava em florações diferentes, nas distâncias entre as espécies e cores características; isto tudo fazia parte do pensamento pictórico.
Também era preciso pensar que as cores e os volumes estariam sujeitos a modificações climáticas e isto não era apenas um problema estético. Quando projetava um jardim, considerava o clima do território a ser trabalhado, quais as plantas nativas existentes ou quais poderiam ser utilizadas na composição, e até mesmo o usuário do espaço de criação. Afirmava que se existisse um jardim é porque existia, necessariamente, uma composição estética.
Na década de 1940 consolidou o seu trabalho como paisagista desenvolvendo amplo campo de criação de modo livre em experimentações cada vez mais abstratas. Os desenhos ganharam mais expressividade, incorporando-se a formas de pensamento genuíno. Desenhava em folhas avulsas, nos cadernos, rabiscava em cadernetas e isto foi se manifestando também nas pinturas que se mantinham, até então, presas ao figurativismo.
Já falamos que a sua paixão por plantas vem lá da juventude. Sabemos que se interessou por botânica e jardinagem, mas é em 1949 que Roberto Burle Marx organizou uma grande coleção, ao adquirir um sítio de 800.000 m2, em Campo Grande, no Rio de Janeiro. Em parceria com botânicos, realizou diversas viagens por inúmeras regiões do país, para coletar e catalogar exemplares de plantas, utilizando-as como elementos de composição.
A fase construtivista dos jardins de Burle Marx

Nos anos de 1950, a arte e a arquitetura brasileira passavam por uma grande transformação. A abstração geométrica construtivista entrava em cena representada pelo movimento de Arte Concreta. Burle Marx se afastou do biomorfismo, iniciando a fase de jardins Construtivos. Conforme o ideário proposto pela arte concreta, configurou-se por um expressivo número de pinturas murais públicas, como a do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
Paredes sustentavam grandes painéis de azulejos, integrando a unidade artística entre jardim, escultura, arquitetura e pintura. Agora, Burle Marx realizava os seus projetos embasados numa estrutura geométrica rigorosa, uma composição com o predomínio das linhas retas, horizontais e verticais. Apesar da quadratura arquitetônica estar repleta de nuances descortinando a paisagem da Baía da Guanabara, a dinâmica em seus planos visuais continuava intacta.

A partir da década de 1950, a obra de Burle Marx atingiu uma linguagem personalíssima. A via trilhada pela abstração se consolidou e a paleta mudou, passando a incluir muitas nuances de azuis, verde e amarelo mais vivos. Nas telas, o trabalho com a cor associava-se ao desenho, destacando a estrutura e a composição.
Dos jardins curvos aos planos geométricos
O biomorfismo não desapareceu, mas a curva livre já não tinha mais o protagonismo nos seus jardins da década anterior. Silveira da Silva, Mondrian, Max Bill e Torres Garcia foram influências determinantes nos novos trabalhos. As curvas que compunham os projetos anteriores dos anos 1940 foram substituídas por linhas retas e planos geométricos meticulosamente estruturados, estendendo-se até meados dos anos de 1960. Princípio de composição que acabou se expandindo para as pinturas e os painéis murais.
A fase abstrata e as influências das vanguardas
Foi então que outra transformação aconteceu no gesto e no processo compositivo, decorrente de uma nítida aproximação das vanguardas artísticas pós-guerra. Essa nova fase foi consequência da aproximação de artistas da corrente da abstração lírica, ou seja, quando a gestualidade controlada passou a determinar o processo.
As pinturas e os projetos de jardins passaram a incorporar um desenvolvimento mais complexo, onde elementos orgânicos sobrepuseramse aos quadrados, círculos e triângulos, desconstruindo a lógica construtiva que existia até então. Uma poética alicerçada na gestualidade sensível. As superposições em camadas passaram a estar presentes nas pinturas e nos projetos de jardins; a ação expressionista se manifestava, mas não determinava. Sua poética passou a ser resultado de complexas conexões que elaborou ao longo da vida.
As geometrias apareciam nos desenhos impregnadas de dobras, desconstruções e superposições de planos arquitetônicos e pictóricos. Na complexidade geométrica, as formas se materializavam num tipo de arte informal encontrada nos enigmas das manchas, na evolução das texturas, na cor e na fenomenologia dos materiais.
Os planos superpostos em uma sequência de linhas passaram a formar um contínuo em movimento, no qual os princípios da Escola de Paris se conectavam com as correntes construtivistas, identificando-se com a Geometria Sensível.
Intervenções urbanas e obras além dos jardins

Nesse período, Burle Marx invadiu as ruas com intervenções urbanas. Entendia que os paisagistas precisavam estar sempre subordinados aos urbanistas. Sem compreender as necessidades de uma cidade e, principalmente, sem compreender as funções das áreas verdes, os paisagistas não poderiam realizar qualquer jardim.
Assim, ao contrário da produção de muitos profissionais que restringiam o fazer paisagístico a uma complementação de produção arquitetônica, Burle Marx expandiu o seu trabalho na dimensão do urbano. O artista uniu-se ao paisagista criando uma nova categoria de arte, na qual a estética e a arquitetura anteriores o levaram muito além dos jardins. Explorou os desenhos sobre piso e os mosaicos de pedra portuguesa.
Os azulejos passaram a compor pinturas, jardins minerais e Land Art ou “arte da terra”, que tem como principal característica a utilização de recursos provenientes da própria natureza. Entre muitas intervenções, a obra mais conhecida é o Passeio de Copacabana, realizado na cidade do Rio de Janeiro.

Burle Marx alcançou uma grandiosa realização no paisagismo, com uma reconhecida obra no panorama nacional e internacional. Também utilizou a pintura como meio de expressão, expandindo-se em diferentes suportes. Foi a partir dos anos de 1970 que ele criou uma unidade processual ao pintar, desenhar e fazer jardins seguindo os mesmos princípios de composição complexa em camadas superpostas e interativas. Um trabalho realizado com uma equipe interdisciplinar de auxiliares de pintura, arquitetos, jardineiros, marceneiros, pedreiros e desenhistas.
A partir da década de 1970, os trabalhos de paginação de piso com elementos abstratos se intensificaram, tornando-se constantes. O movimento de arte Neoconcreta, surgido no Rio de Janeiro no fim dos anos 1950, como uma reação à rigidez do concretismo, estava presente nas pesquisas do paisagista, que buscava romper com o desenho geométrico.
O legado de Roberto Burle Marx para a arte e o paisagismo brasileiro

Como um maestro, regia riscando nas paredes, no chão, no papel, no papelão, nos tecidos, tudo para dar conta da escala em questão. Construía maquetes e moldes. Um processo criativo, incansável e obstinado que foi muito além da obra pronta. Um artista que soube traduzir o que havia de mais contemporâneo para o desenho da paisagem.
Utilizava inúmeros recursos disponíveis que até então não tinham sido usados e, ao mesmo tempo, tinha plena consciência histórica da importância do seu trabalho na transformação da realidade e contribuição ao novo conhecimento, integrado ao contexto da cultura nacional e internacional. Soube utilizar as cores do Brasil sem cair na caricatura do exotismo nacional, mantendo o compromisso em realizar uma arte de validade internacional.
A década de 1990 foi marcada pelo processo de degradação de seus jardins, principalmente os realizados em Brasília. Com a sua morte, em 4 de junho de 1994, diversos jornais noticiaram as suas realizações inconfundíveis e memoráveis, em meio a depoimentos de personalidades ilustres e amigos próximos.
Assim, podemos dizer que Roberto Burle Marx transitou com desenvoltura por diversos territórios da estética, além da sua atividade principal de paisagista: desenho, pintura, escultura, cerâmica, design de joias e tapeçaria, porém, de forma complementar. Já como paisagista, utilizou nas suas composições espécimes da vegetação selvagem ou sertaneja, incorporandoas à nossa paisagem urbana de modo original e revolucionário.

No mapa cultural e artístico brasileiro, a pintura em tela de Burle Marx não alcançou o mesmo destaque que sua trajetória como paisagista, nem a mesma audácia e originalidade, talvez por ser, para ele, uma atividade complementar, ainda que executada com seriedade, técnica e determinação. A composição dos quadros de Burle Marx alcançou densidade expressiva, no entanto, faltou-lhe a economia de elementos cromáticos e lineares.
Roberto Brule Marx, imbuído do espirito do seu tempo e em consonância com a modernidade proposta pelas artes e pela arquitetura do Século XX, atribuiu identidade e relevância ao paisagismo moderno brasileiro, combinando expressão plástica com o uso de espécies nativas do país. O significado deste artista-paisagista é de grande importância histórica, tanto na elaboração de jardins integrados aos edifícios quanto na requalificação do espaço urbano. Sua poética modernista, representada por meio dos jardins, praças e parques, associada às transformações de sua expressão artística ao longo do tempo, estão materializadas e eternizadas em diversas obras e em diversos lugares do mundo.
Flávia Zambon Tronca



















Que história hein. Não sabia de tanto. Obrigado